segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Que alma boa?

O palco é o Teatro Renaissance; a peça, A Alma Boa de Setsuan, dirigida por Marco Antônio Braz e adaptada de um texto Brecht que será atual mesmo daqui a 200 anos. Afinal, o grande tema é a humanidade que não parece ter grandes mudanças morais e comportamentais em sua natureza com o passar dos séculos.

A peça inicia-se antes de começar. Já na entrada, Denise Fraga, a atriz principal, nos recepciona com a programação da noite. Vestida de Chen Te, personagem de A Alma Boa de Setsuan, ela interage e agradece a presença. Ao entrar, os demais atores e personagens aparecem para ajudar-nos a achar os devidos lugares. O sentimento de identificação é inevitável.

A história de passa em uma pequena cidade chinesa, chamada Setsuan. E lá que Deus aparece com o propósito de presentear com 1000 moedas de ouro uma alma boa. Acaba encontrando a prostituta Chen Te, personagem de Denise Fraga, a mulher de alma tão bondosa capaz de não largar mão de seus próprios desejos para satisfazer as vontades de outros.

De posse das 1000 moedas, Chen Te investe em uma tabacaria e logo aparecem aproveitadores para explorá-la. Ela, então, decide se passar por um primo, Chiu Ta, que faz o negócio prosperar ao explorar os outros.

Não deixe de conferir - A Alma Boa de Setsuan.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A Alma Boa de Setsuan


As vésperas da estréia de da peça “Alma Boa de Setsuan”, em julho deste ano, Marco Antonio Braz conversou com os idealizadores deste blog sobre seu trabalho.
Em um papo rápido por telefone, na manhã de um sábado, contou sobre a expectativa de estréia e como foi a viabilização do espetáculo. Acompanhe.

Qual a expectativa para estréia?
A expectativa é grande, principalmente pelo tempo de gestação deste projeto. A primeira vez que fizemos uma leitura publica deste texto foi em 2001, no antigo SESC Pinheiros, já com a Denise Fraga e os atores que faziam parte do meu grupo, “O circulo dos comediantes”.

Qual o maior desafio nesta montagem?
De lá para cá, até viabilizar o projeto, passamos por uma série de processos, inclusive o de adaptação, para chegar em um termo de comunicabilidade com a platéia de hoje.

Já trabalhou algum texto de Bertolt Brecht antes?
Na faculdade montei dois Brecht: “O casamento do pequeno burguês” e o “Dom Juan”, adaptado sobre o texto de Molier. Em 1998 montei "Arturo Ei". Todas essas experiências somadas me deram uma bagagem maior nessa versão de “A alma boa de Setsuan”.

Como foi feita a tradução do texto?
Não sei se os puristas vão gostar, pois “metemos a mão no texto”. Mas essa é uma prática que o próprio Brecht nos ensinou. Ele adaptava os clássicos, reescrevendo, mudando a estrutura das cenas para conseguir uma comunicação fluente com o público.

Quais as principais mudanças?
O texto original tem mais de três horas, nós estamos apresentando um espetáculo de duas horas. Nós retiramos da estrutura todos os elementos que caracterizariam a estrutura épica do texto, que são os grande monólogos onde se dialogava diretamente com o público. O dialogo está no jogo da encenação, tudo acontece diante do público, como as trocas de figurino.

Clique aqui para baixar o aúdio da entrevista.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Do início...


Dentro de uma terra rica em diversidade, o teatro ganha argumentos para viver com esplendor. São grandes nomes que compõem a cena nacional — tanto nos palcos como por trás deles. O diretor Marco Antônio Braz é um dos representantes desta classe, e quem este blog escolheu para homenagear e, também, proporcionar ao leitor um contato mais próximo com as idéias do profissional.

Carioca nascido em 1966, Braz ficou famoso pelas montagens de obras de Nelson Rodrigues. Deste julho deste ano, o diretor está com um novo e grande desafio: a direção de “Alma Boa de Setsuan”, de Bertolt Brecht, em cartaz até 14 de dezembro no teatro Renaissance em São Paulo.

“O Brecht é a ferramenta necessária para ser uma pessoa do teatro da era moderna. Sem ele você não pega ônibus para ir ao ensaio. O curioso é que minha especialidade é Nelson Rodrigues, mas mesmo nos textos de Nelson, Brecht sempre esteve presente nos ensaios”, revela Braz.